Uni-vos: Clube Embaixada
Numa noite pré-chuva, à beira da piscina do Airbnb que meus amigos alugaram no Rio durante o carnaval deste ano, eu mencionei que desde o ano passado vinha sentindo que estaríamos vivendo os últimos anos de “tranquilidade”, não sabia ao certo se seríamos pegos de surpresa por uma guerra ou alguma catástrofe. Só conseguia sentir que havia um silencio ensurdecedor como num filme de terror. Aquele silencio que nos indica que algo ruim espreita no escuro e está prestes a ser revelado com uma trilha sonora feroz. A chuva começou, saímos correndo da piscina e nos abrigamos dentro da casa, de onde não sairíamos até o horário do almoço do dia seguinte. Posso estabelecer aqui, um paralelo entre a chuva e o Covid-19. Para nós, naquele momento, a chuva foi uma resposta um tanto quanto premonitória do que enfrentaríamos em algumas semanas.
Este período nos faz refletir demais, você passa tempo demais dentro dos seus pensamentos. O que é um bom momento para organizar algumas coisas por ali. Mas também pode acabar mexendo nas ‘caixas’ erradas. Então com o intuito de criar uma distração, principalmente a noite, o que para mim as vezes é mais delicado, acabo analisando tudo com mais intensidade e sensibilidade. Eu juntei alguns músicos LGBTQIA+ para uma festa online. Pessoas que eu admiro muito, e que colocando juntos num lineup, na minha cabeça crio um mundo de videogame com os jogadores perfeitos para uma difícil missão ou fase.
Criei um grupo de mensagens no Instagram com os quatro artistas, para que passássemos a tomar decisões em grupo, pois a festa não é minha, é nossa e para nós. Joguei uma pergunta para todes como um jeito de quebrar o gelo:
“Se você soubesse que iríamos entrar neste período histórico de pandemia, o que faria na última semana pré-quarentena?”
As respostas foram:
LAZA:
Na última semana pré-quarentena, estaria organizando minhas malas e viajando para um acampamento em alguma cachoeira no interior de Goiás, onde eu nasci. Ao saber da pandemia com antecedência, também me articularia para conseguir economizar todo dinheiro possível.
Frontinn:
Eu não teria feito nada diferente.
Alice Guél:
Gostaria de ter pensado estratégias de aproximar mais, NÓS pessoas LGBTQIA+ da periferia ao acesso aos profissionais de saúde, pois na pandemia vejo muitas de nós passando por esse momento delicado com muitas doenças psicossociais nunca diagnosticadas que agora nos rodeiam todos os dias.
FKOFF1963:
Gostaria de ter passado mais tempo com as pessoas e preparado melhor a mente e o ambiente pra aprender a lidar melhor com as energias internas e externas.
Com isso, criamos o Clube Embaixada. A festa rola na sexta dia 08 de Maio. Às 20h (SP) no Zoom. O código será liberado uma hora antes no meu Instagram (@desam.pa).
Instruções (é uma conferencia colaborativa por vídeo):
1. Baixe o aplicativo Zoom no site (tanto smartphone quanto PC/MAC): https://zoom.us
2. Coloque o código que aparecerá na bio do Instagram (@desam.pa) às 19h de Sexta dia 08.
3. Escolha um nome e opte por ligar a câmera para entrar no Club (encorajamos).
Pelo computador apenas, você pode escolher o background do seu vídeo. Qualquer imagem que quiser.
Texto por DESAMPA.
Arte por Juan Cortes
