LIVE:

LIVE:

LIVE:

LIVE:

LIVE:

LIVE:

LIVE:

LIVE:

LIVE:

LIVE:

LIVE:

LIVE:

LIVE:

logo radio veneno vertical

SEARCH

Home Office: Zopelar (ODDiscos/In Their Feelings)

11 Apr 2020

Neste sábado (11/4), às 19h, rola o quinto episódio do Home Office. Os artistas convidados farão a transmissão digital a partir de onde residem, para evitar deslocamento e contato direto com outras pessoas. Por causa da proliferação do Covid-19, a Veneno optou encerrar temporariamente as gravações feitas no estúdio da rádio.

Simultaneamente, continuam abertas as contribuições online para auxílio aos artistas, que dividem a cada semana os valores doados através do nosso site.

Trocamos ideia com  o multi instrumentista Zopelar (ODDiscos / In Their Feelings), o músico protagonista da próxima edição.

Veneno: Como você está encarando emocionalmente o isolamento para conter a pandemia? Você está usando o tempo disponível, devido ao cancelamento de shows, para novas pesquisas de sons ou equipamentos?
Zopelar: No início fiquei bem assustado e sem muita inspiração para criar e usar coisas novas. Agora, entendendo um pouco mais o que está ocorrendo, retomando os trabalhos do estúdio cada dia mais, o que é que ajudou a criar perspectivas para mim nesse momento.

Veneno: Você teve alguma mudança de hábito, seja dos âmbitos criativos, físicos ou fisiológicos, melhorando a imunidade?
Zopelar: Com certeza! Em casa, estamos preparando todas as refeições diárias. Antes, nós comíamos bastante na rua. Fisicamente, estou tentando retomar uma rotina de exercícios, mas confesso que não foi tão fácil, pois era bem acostumado à academia. Para a imunidade, eu tenho que tomar suplementos diários de vitamina C e zinco, além de pegar um pouco do sol sempre que possível.

Veneno: Como está seu lado psicológico em um período de tantas incertezas em um país liderado por um governante instável como o presidente Jair Bolsonaro?

Zopelar: Momento muito difícil para nós brasileiros, principalmente! Os reflexos das opiniões do presidente afetam muito as possibilidades de conter uma pandemia. Na minha cidade natal, Caratinga MG, já havia, inclusive, mandato de reabertura do comércio. E muitas pessoas dizendo que “a mídia” está terminando com suas vidas… realmente, é difícil lidar com um vírus e um verme no poder ao mesmo tempo! Mas vamos resolver, tenho tentado viver um dia de cada vez e isso me ajudou a manter uma certa sanidade nesse momento estranho!

Veneno: De que forma você acha que o necessário afastamento social pode alterar a dinâmica do mercado de entretenimento, quando tudo isso passar? As consequências serão as mesmas para o mainstream e o underground, na sua opinião?
Zopelar: De forma bastante drástica eu diria! as consequências vão afetar todos os setores. Mas, eu realmente acredito em um momento em que isso tudo vai ser controlado e voltaremos a poder frequentar shows e eventos novamente. Não me contento com a possibilidade disso nunca mais acontecer, acredito que esse difícil período uma hora vai sim passar!

Veneno: Alguns profissionais do mercado de entretenimento acreditam que apresentações online continuarão e dividirão espaço com a programação em espaços menores de shows. Qual a sua visão a respeito do atual boom das ferramentas online de vídeo transmissão musical?
Zopelar: Acho que, por enquanto, o entretenimento online vem sendo algo fundamental para continuarmos fomentando o público como artistas. as, imagino que as pessoas quando puderem sair vão voltar com tudo nos shows, festas e eventos sociais. Nada como o calor humano e experiências ao-vivo, não existe ninguém que não esteja sentindo falta disso nesse momento! 

Veneno: No último levantamento da SIM (Semana Internacional de Música), foram avaliados os possíveis prejuízos no mercado musical após a crise. O estudo também apresenta um diagnóstico dos principais desafios enfrentados para a indústria da música lidar com a crise que abala toda a cadeia produtiva do setor, mas também abre possibilidades para que as estruturas e relações do mercado sejam repensadas coletivamente em novos caminhos. “Vai ser preciso recomeçar, reinventar a música ao vivo”, afirma Pena Schmidt, consultor especial do projeto.
Quais serão os maiores desafios da indústria brasileira da música neste momento? E os desafios dos artistas?
Zopelar: Realmente, prever o futuro pra mim está bem difícil, sem dúvida. Vamos atravessar um momento crítico, mas acredito muito que a arte é algo fundamental no mundo e vamos logo poder encontrar um caminho para continuar vivendo das nossas criações, enquanto a situação não se normaliza.

Veneno: As fontes de renda oriundas de apresentações estão escassas. Devido à essa limitação, como você avalia as porcentagens de pagamento de direitos autorais de ferramentas de streaming musical como Spotify, Deezer e afins? Recentemente, essas plataformas estão envolvidas em disputas em setores de direitos autorais do governo norte-americano, que requisitam uma porcentagem maior aos artistas.
Zopelar: O retorno das empresas de streaming ainda é muito baixo, precisamos ainda nos ajustar a essa nova realidade da música pois quem paga também esses serviços não tem de fato posse das músicas, é como se fosse uma grande locadora de sons que vc pega emprestado quando quer. O preço que se paga por mês para ter acesso ao Spotify não chega nem ao valor de um álbum digital no bandcamp. Embora acredito que essas empresas estejam milionárias eu não consigo entender uma matemática que beneficie o artista pelos streamings que não seja facilitar o acesso de suas músicas ao público. Por um tempo, acredito que os streamings voltaram a re-aquecer indiretamente o mercado, fazendo os artistas alcançarem mais fãs e, logo, fazendo mais shows. Porém, com essa nova realidade atual, tudo isso se torna mais inviável ainda… seria realmente importante que essas empresas pudessem remunerar melhor os artistas e significarem também uma parcela importante financeira para a classe artística.

Veneno: Você é um artista que passa muitas horas em casa ensaiando e produzindo, mas também costuma ter uma agenda movimentada de apresentações e, consequentemente, contato direto com o público. Do que mais você sente falta das gigs? Como sua mente lida com o fato de que  iremos encarar meses e talvez anos para voltarmos a ter aglomerações?
Zopelar: Sinto falta de exatamente tudo das gigs! Desde a preparação, até sair de casa, viajar, o nervosinho antes do show, o cansaço pós apresentação…. literalmente, tudo! Como já disse acima, tenho tentado viver um dia de cada vez e focado bastante nas atividades de estúdio para manter a sanidade mental!

 

 

Veneno: De uns tempos para cá, não sei precisar ao certo, assisti você tocando baixo em alguns shows do Teto Preto. Desde quando você toca? Quais são os elementos sonoros e manuseáveis do baixo que mais lhe atraem?
Zopelar: Sim, eu adoro! Na verdade, eu nunca fui baixista oficialmente. Mas como iniciei na música tocando guitarra, sempre tive uma noção de como tocar. A medida que fui evoluindo como produtor, a minha noção de “bass lines” também aumentou. A vontade de assumir esse instrumento em algum projeto sempre foi grande, então dei um jeito de começar a tocar o baixo de “Bate Mais” ao vivo, com um baixo elétrico de verdade. Apesar da linha do disco ter sido gravado em um sintetizador com muita característica de um baixo clássico de dub, o que faz com que o baixo elétrico entre muito bem na música, sem dúvida é um dos meus momentos mais aguardados no show do Teto Preto!

Não sei explicar o me atrai, mas eu realmente gosto muito. Hoje em dia, toco muito mais baixo do que guitarra e tenho vontade de tocar mais músicas no baixo nos próximos shows do Teto! Vamos ver aonde as novas músicas vão se encaminhar, para ver se consigo realizar essa vontade! Hehehehe

Veneno: Como ficou uma agenda em Teto Preto, fizeram remanejamentos?
Zopelar: Até agora não sei ao certo o que será remanejado e o que foi de fato cancelado. Realmente, o que foi “perdido” não me interessa nesse momento! Estamos com foco em criar o segundo álbum. Quando tivermos oportunidade, sair para executar novamente, é o que mais amamos fazer como Teto Preto. Quando por uma hora de retorno, tenho certeza de que vamos capturar qualquer show como se fosse o mais importante de nossas vidas sempre, seja em um festival como o Primavera Sound, seja no Mamba Negra, principalmente nas cidades do nordeste, que amamos tocar no ano passado!

Reportagem: Danila Moura
Fotos: Gabriella Garcia

Home Office: Zopelar (ODDiscos/In Their Feelings)