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Enquadro 03

31 Mar 2020

O selo musical e programa Lugar Alto foi o alvo do questionário deste mês. Confira entrevista regida pelo tema: “Obscuridades da pesquisa histórica musical brasileira. Métodos, artistas desconhecidos, pesquisa, vinis raros e outras intempéries”

Sarlim – Rádio Fantasma 

Qual é a prenoção mais equivocada que as pessoas geralmente têm sobre música brasileira?

Lugar Alto: O Brasil tem alguns movimentos músicas, como a bossa-nova e a tropicália que foram muito bem sucedidos no país e em todo mundo. Me parece que de alguma forma essas sonoridades também limitam o público a buscarem estéticas diferentes. Acredito que as pessoas ainda entendem como qualidade esses movimentos e se limitam a buscar coisas novas, o que é perigoso e triste.

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Luca Galego –
Programinha Braza Quente

Salve, caras! queria saber como e qual é o principal método de pesquisa por esses sons mais obscuros que valem a pena terem o reissue, e se as vezes rola de se perder no rabbit hole das pesquisas relacionadas e ter dificuldade de sair disso. Valeu!

Lugar Alto: Em 2015 me deparei a primeira vez com um disco muito especial, era “Estórias Para Voz, Instrumentos Acústicos e Eletrônicos” da Jocy de Oliveira. Naquele momento pensei que era uma obra que tinha que ser relançado, a arte era linda, a história do disco é foda e o som é muito diferente de tudo que já tinha escutado na época. Foi um momento que tinha certeza que esse projeto fazia sentido. Na época não tinha nada formalizado do selo, mas achei que poderia tentar contato com a artista. No fim, o disco não foi avançou, mas o selo Blume fez o projeto e relançou essa obra-prima em 2017.

No fim, todos os discos da Lugar Alto foram assim, mesmo aqueles que não deram certo. Foi uma certeza que valia o esforço para tentar colocar a obra para circular mais uma vez. Assim, acaba que por mais que tenha muitos discos muito lindos por aí, tentamos sempre focar naquele que nos dá esse sentimento de certeza.
Em relação a pesquisa, o Discogs é uma importante fonte, além de lojas de discos e amigos que fazem excelentes recomendações.

 

Gabriel – Sofre Comigo

Encontrar o artista, resgatar o material, direitos autorais, público… qual é o maior desafio de um selo de relançamentos?
Lugar Alto:  Mesmo sendo um problema que não é exclusivo para um selo de relançamentos, a vida sem distribuidora foi a parte mais desafiadora. Quando começamos a Lugar Alto, em 2018, o disco do Boccia foi integralmente distribuído por nós, um trabalho enorme, passou pela produção das caixas para envio, fretes com preços abusivos e monitoramento das entregas.

A partir do nosso segundo disco, fechamos parceria com a Honest Jon’s de Londres para toda a distribuição. Eles estão a muito tempo no mercado e conhecem bem as nuances desse processo. Com a distribuição terceirizada, sobra mais tempo para curadoria dos projetos e relacionamento com os artistas, o que, sem dúvidas, é a melhor parte de ter o selo.

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Ganso – Dirigindo Carros Ruins/Sessão Vírus Santo

Curto muito o selo, fala um pouco como começou e se você delimitou de alguma forma o universo do selo. Tô perguntando pensando no terceiro lançamento que tá por vir e nos dois anteriores, que me parecem bem díspares.
Lugar Alto: Sim, hoje olhando são bem diferentes! O primeiro disco é mais choro com música popular brasileira, o segundo mais free-jazz e o terceiro tem uma pegada mais post-punk e industrial. Sinceramente, nunca desenhamos nenhuma linha estética para seguir e acho isso importante para não nos limitarmos a um gênero específico, tem muita coisa boa por aí.

Ao mesmo tempo, olhando a nossa discografia atual entendo que nos 3 discos o uso de eletrônicos é bem presente. Acho que mesmo sem querer temos esse elemento em comum entre os lançamentos.

Qual é a intersecção da Rádio Veneno e a Lugar Alto? Qual a pira de vocês com registro e disseminação de música esquisita sob o signo do Braza fascista?
Lugar Alto: Em 2018, quando eu e o Rafa nos conhecemos melhor, a Lugar Alto e a Veneno estavam começando. Trocamos muito conhecimento e nos ajudamos para sempre crescer juntos. Em 2019, o Rafa formalizou a entrada como sócio na LA e criamos uma dinâmica ainda mais próxima. Hoje, vemos o selo e a rádio como duas plataformas irmãs para justamente promover música interessante durante esses tempos sombrios.

Um desdobramento dessa relação é o nosso segundo selo, Tantos Desejos, que está agora em desenvolvimento. A ideia aqui é lançar artistas/amigos em formato físico para ajudar ainda mais a mapear e arquivar projetos atuais que nos circundam.

Raphael Freire –Minimal do Bem
O que podemos esperar para os lançamentos da Lugar Alto em 2020?
Lugar Alto: Com a crise do COVID-19 está complicado deixarmos o nosso futuro mais palpável,  a produção dos discos dependem de muitos agentes (produção, distribuição e lojas) e o devido funcionamento de toda essa cadeia está em xeque pelo próximos meses.  Além disso, com toda a questão do incêndio na Apollo na Califórnia, que é responsável pela produção de um componente importante para a produção dos discos, nos deixa ainda mais incertos em relação às nossas produções no ano.

Hoje, já temos o terceiro projeto da Lugar Alto, MUMIA, em produção, mas não sabemos ainda os reflexos que a crise atual nos espera. Além disso, um disco de remixes foi feito, mas está em com a sua produção em stand by.

A única “vantagem” que temos é a capacidade de estruturar projetos mais elaborados e já temos dois grandes sendo sondados.

No fim, 2020 é um ano em aberto, com muitas ideias, porém sem muita base para colocá-las em prática.

Enquadro 03